terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Numa cena de Byron

Foi campo a fora,
solitário, a procura de meu passado;
as margens da lagoa dos patos
despedi-me de minha vó.

Em fone de ouvido esbugalhado a trilha sonora;
em dia nublado,
isolado no nada,
encontro as raízes.

As flores de plásticos
confunde-se com as reais;
não sei dizer,
mas conheci meu passado
num deserto de capim, pedra abandonado,
onde o vento passa chorando...

Na sepultura aberta vivi a cena de Byron,
e na cidade vazia
cruzei o muro pinchado;
a frase que queria:

 “Se votar mudasse alguma coisa, seria proibido”

Foi ao fundo em minha filosofia,
as margens da hipocrisia
em luto duas vezes...

Restou na paisagem do pampa a casinha vazia.
  
Venho embora,
sonhando com teu sorriso sobre o fundo de chita,
gozando com tuas fotos escondidas em um fundo de armário,
vivendo o teu choro por telefone...

Agora chove lá fora;
na previsão mítica, 
choverá até a próxima lua cheia;
celebraremos a vida em discos, vinhos, livros e poesia...

Poema: Rodrigo Vargas Souza - 2010
Fotografia:  Pampa - Bagé - 2008 
Em memória da vó Aracy 
  

Nenhum comentário:

Postar um comentário