quarta-feira, 10 de agosto de 2011

A noite dos Stones


A noite sempre deixa seqüelas (...)
 
A lua queimou o piso pálido,
cigarro.  
Cascas de amendoins quebradas,
vazias.
Flores sem cores,
murchas.
Na noite dos Stones
tudo rolou,
poema refeito,  
agulhas sem música;
discos arranhados,
mudos; 
volúpias sem sexo,
sem carne,
alma.  
   
Amanhã dormirei mais cedo (...)

Poema: Rodrigo Vargas Souza

O assassinato do guarda chuva

A chuva parou,
A sopa está fria,
A garrafa vazia,
A sombra da noite passada invade a sala,
Toda a cena tem um colorido,
Como um filme de Truffaut.
O dia violentou a noite,
E o vento assassinou o guarda chuva
Agora permanece torto,
Morto na porta da casa.
A água está fervendo,
Neste dia pálido,
O silêncio é borrado pelo canto do tucano,
Que precede o grito de espanto da chaleira,
E o vômito do bule,
Negro de café.

Poema: Rodrigo Vargas Souza
Xilo: Oswaldo Goeldi 

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Pajador libertário


Como pajador libertário
Escrevo sobre o meu cotidiano
Em prosa
Poesia de não ficção
Na contramão da historia
Saboto em versos a corrupção
Desnudo a miséria de uma nação

Caso o meu verso
Não cause o inverso da situação
Não me preocupo!
Pois os sonhos de liberdade
Brotam dos campos férteis da imaginação

Viva a revolução!

Para : Simões Lopes Neto, Caetano Braun, Noel Guarany
Poema: Rodrigo Vargas Souza

Imagem: Os mineiros de Butiá de Danúbio Gonçalves

Bolsas Victor Hugo


Uma vitrine de bolsas Victor Hugo,
O mesmo nome do escritor de Os Miseráveis.
Como miseráveis maquiadas compram maquiadas bolsas miseráveis,
Miseráveis de idéias,
Com os bolsos cheios de papéis,
Seios e bundas siliconadas
Bonitas como as esculturas de mármore,
Mas mortas como as lápides de mesmo material.
Vida miserável de consumo, idéias, tesão e luzes artificiais (...)

Poema: Rodrigo Vargas Souza
Fotografia: S.Salgado