quinta-feira, 16 de julho de 2015

terça-feira, 14 de julho de 2015

quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

MELÔ DOS PASSARINHOS



Como é bom ver vocês
daqui desta janela
suas piruetas neste céu azul
Como é bom ver vocês
com suas asinhas
dançarem ao sabor do vento
pulando de galho em galho
atrás de frutos e sementes
Como é bom ouvir vocês
cantarolando o néctar das flores
livres!
Como é bom ver vocês
(de vez e quando)
cagando na cabeça destes  
que engendram gaiolas


Poema: Rodrigo Vargas Souza
Data: 10-10-14 

NAS NUVENS

Vou salvar poemas
Nas nuvens
Quem sabe
Um dia
Chova
Poesia


Poema: Rodrigo Vargas Souza
Data: 21-11-14

Quase haicais na beira mar‏

Quase haicais: Marolas


Um pé de palmeira juçara
Na beira da praia
O vento sul
Um gosto de água salgada
Ondinhas na barra
Eu não quero mais nada


Quase haicais: Maresia


O mar
Sabe o gosto do teu nu
Frutinhas de Guabiju


Quase haicais: Marquinhas de praia


Canga safada
Ficou todo o dia contigo
Marquinhas de praia
Mas agora
Chuvinha no telhado
Só dá eu no teu lado

POEMA: ESPAÇO FITNESS

As desesperadas raízes das orquídeas
agarram-se nos troncos como estivessem no cio
como insistissem no ócio
formando imagens rizomáticas
flores clitóriais
Oh! Árvores nuas
a espera do orgasmo do frio cálido
Sabiás e Aracuãs cadê vocês?
Quero o silêncio violentado
pelos seus gritos famintos
Nesta aurora átona
quero seus voos áureos
em troca dos frutos doces
que despencam sutilmente
das palmeiras Juçaras
Quero toda a mata ciliar
que contorna os lábios deste arroio decadente
que outrora sustentou um límpido libido (...)
Peixes cadê vocês? 
Que insistem em nadar
como espermas a fecundar um óvulo estéril
Fossas mal dimensionadas
estações de tratamento abortadas
preenchem as estatísticas modeladas
como se fossem bundas e peitos retorcidos no Photoshop
para a próxima capa da VIP
Enquanto na infinita fila do SUS
a diarreia é generalizada
Não quero apenas vomitar um poema de Walt Whitman
olhando a paisagem desesperada
Não quero apenas um loft minimalista
com ar-condicionado
espaço fitness
e um carro flex na garagem
Não quero
uma vista de empenas cegas
e janelas monótonas bem comportadas
com uma prolífera vizinhança de outdoors mentirosos
anunciando empreendimentos “sustentáveis”
Não quero (...)
 
Poema: Rodrigo Vargas Souza
Data: 13-11-2014

quarta-feira, 10 de setembro de 2014

ESTRELAS CADENTES‏


Que vida decadente
Devem levar estas pessoas
Que não olham para céu

Que vida decadente
Devem levar estas pessoas
Que nunca caíram
Como caíssem do céu (...)

Que vida decadente
Devem levar estas pessoas
Que não fazem nenhum pedido
Quando caem as estrelas do céu (...)

Poema: Rodrigo Vargas Souza

quarta-feira, 3 de setembro de 2014

UM MORTO DE PAU DURO


Ontem foi encontrado
Ao meio da pouca mata que resta na cidade
Um cadáver de pau duro
Bala perdida
Masturbava-se no escuro
O que resta agora?
O vento assoviando
Um ruído de silêncio
Em meio à solidão
Um beijo sem batom
Alguns dentes cariados
Espermas encalhados
 
Há tantos salários
Salários miseráveis
Feitos de exploração
Estes sempre engordam as estatísticas
Maquiadas
Plastificadas
Estatísticas
Estatísticas cheias de estrias
De violência domestica
Fome
Suicídio
E depressão
 
Já o morto de pau duro
É exceção
Pois não tá fácil
Não
Viver com tesão
Imagina morrer então...
 
Poema: RVS

DONA FIFI‏



Dona FIFI!
Como o teu cú é covarde
Nunca vi tanta polícia na cidade
 
Dona FIFI!
Tu sabes que apesar da censura
Eu sei o teu nome de verdade

Dona FIFI!
E toda esta gente morta
Sob os gramados (e sobre as arquibancadas) 
De teus estádios

Dona FIFI!
Nem mesmo
Esta mídia fascista
Este grito de gol
Esconde o teu roubo (Teu rabo)

Dona FIFI!
Os US$ 4,4 bilhões
Que tu levaste daqui
Para montar este circo
Que ecoa apenas o som
Do couro dos contentes
Não!

Dona FIFI!
Não esconde toda a sujeira
Toda a miséria gerada pelas empreiteiras de tua gente

Dona FIFI!
Sim! Eu sei
Tu abafa na porrada
Mas como é que fica
Os 7 milhões de desempregados
E este salário miserável

Dona FIFI!
Mas avisa a tua máfia
Fizemos da ação direta e da solidariedade
O nosso jogo de bola

Dona FIFI!
Cuida!
Uma hora
O gol será do time
Que joga no lado de fora (...)

Poema: RVS
Copa do Mundo 2014 

domingo, 20 de abril de 2014

Sou viciado!

Bebo todo o dia
Paulo Leminski
Jack Kerouac misturado com gelo
E um pouco de Bukowski
Sou viciado
Fumo Hilda Hilst
Baudelaire
Cheiro Rimbaud  
Gogol e qualquer Kafka
Até já tentei parar
Mas aí no meio do caminho
Conheci a pedra de Drummond
Desta eu não me (lê) livro!

Poema Barato: Rodrigo Vargas Souza
Da serie poesia barata*
(*) Poesia barata é um não manifesto de poesia Neo-pós e muito depois beat-dada-concretista e como já cantava Itamar Assunpção " o trópico tropica" 

VOYAGE 1.6 ANO 1986‏

Voyage 86
Lembro-me de ti cheio de poeira
E sem gasolina
Voyage 86
Enchia-me de cachaça
E você com cinco pila
Voyage 86
Iamos a caminho da fronteira ...
De nosso grande mundo
Feitos de poucos quilômetros
Voyage 86
Corríamos as estradas de chão
Debaixo das estrelas
Atrás de algum entrevero
Às vezes na contramão
Voyage 86
Na cidade grande
Nem eu e nem tu se metia
Íamos aonde dava
Na verdade
Não éramos de nada
Voyage 86
Até nos chamavam de porcaria
Mas éramos só alegria...
Voyage 86
Não sei aonde andas
Mas lembrando como tu corrias (sorrias)
Deve é estar atrás de alguma guria...
Voyage 1.6
Ano 1986
 
Poema: Rodrigo Vargas Souza

UM BROEMA CONTRA TODA ESTA CARETICE

Sou a favor da legalização da salvia
E da noz-moscada
Mas contra estes tais de craque$ e pe(co)lés
Sou a favor dos varginais
Do polvo
Sou contra as multianimais
Sou a favor da bilerdade
Contra as pa(r)ti(dárias)...
Contra lulas e substâncias toxicas (como FHC’S)
E Zero Horas ( e Gangrenas Catarrinenses)
Sou contra nídias vaszistas
E todas estas bundas moles
Não feitas de celulite
Sou contra bundões
Párocos e cruzões
Sou Apolicia
Ácrata
Sou contra os filhos das santas
Coloco o prefixo A
Na frente de todo este atraso filho da ...


Poema: Rodrigo Vargas Souza
Sobre o ocorrido na UFSC e o que anda ocorrendo parai (...)
 

Poema: Coma M...

domingo, 20 de outubro de 2013

Poesia barata na rua

Poesia barata nas ruas de Floripa, Out. 2013  

O odnum está do avesso



Poema barato: Rodrigo Vargas Souza

Natureza morta - nº 1

Rodrigo Vargas Souza
Título: natureza morta - nº 1
Técnica: tinta acrílica e stencil  sobre tela 
Florianópolis - 2012 

UM ASSALTO NA CASA DE GERTRUDE STEIN


Eu sonhei
sonhei que assaltei a casa de Gertrude Stein
estava de cara com estes escritores bundões
estava decidido a colocar o pé na porta
e arrombar a história da arte e da literatura
Sai determinado pelas ruas de Paris
era outono
fazia frio
havia merda de cachorro por todos os lados
o cheiro de perfume era insuportável
Os prédios monótonos geminados
cuspiam-me a chuva
a chuva que sempre aparece
quando pensamos em caminhar por Paris
Cheguei à frente da casa de Gertrude Stein
(número 27 da rue de Fleurus)
eu estava molhado e com os sapatos furados
então subi precariamente
resvalando
pela trepadeira que dava até a sacada
da janela da sala de Gertrude Stein
Neste sonho ao menos
dei sorte
a trepadeira era caduca
e como estava no outono
faltavam-lhe as folhas
Mas qual era o meu objetivo mesmo
não era matar ninguém
estava determinado a roubar todas as bebidas
daquela que ditava as regras das artes
e da literatura do início do século XX
Entrei na sala de Gertrude Stein
ela estava bêbada
desmaiada
sobre uma poltrona de costa para a janela
A janela que entrei
Ela era feia como eu pensava
era a única coisa que me passava
pela cabeça naquele momento
Sai caminhando em lento compasso
varava a sala
com toda minha gloria larapia
senti-me um anarquista expropriador
e nesta época “sonhistica”
era contemporâneo de Radowitzky
o que me deixava ainda mais
orgulhoso e otimista
Passo a passo penetrei
no AP de Gertrude Stein
tudo era comum e sem graça
então em meio aos quadros de Picasso
estava o beberão do Ernest (Hemingway)
mas ele tinha cara de Trotsky
cantarolando com um sotaque insuportável
alguma canção que se assemelhava muito
“Ai, Se eu te Pego”
Antes que ele me visse
e lhe deu um soco na cara
ele era bem maior do que eu
mas para um sonhador
tudo é permitido
então, eu o derrubei
apenas com um único soco
caiu, espirrando sangue pelo nariz
e antes que ele desmaiasse
eu em tom profético
Disse:
- escritor de merda!
- este é pelo teu comunismo autoritário
- traidor do movimento operário
Logo depois
rapidamente
esvaziei uma sacola
que estava cheia de manuscritos
e recolhi todas as bebidas da casa
Assim, entrei para história da literatura
como sempre sonhei
fugindo pela porta dos fundos
com todas as bebidas
da casa de Gertrude Stein


quinta-feira, 2 de maio de 2013

Sabor maça verde


As pessoas têm o mesmo cheiro
As mesmas programações
As mesmas opiniões
Os mesmos desejos

Nesta hora
O sol não lambe mais a superfície da areia recheada de bitucas    
Agora na lagoa¹ espumosa de detergente (sabor maça verde)    
Banham-se apenas os  Ascaris lumbricóides

Carbonatado pelos carros
Ocupados por uma  “pessoa”  
O poeta sem sombra caminha
Sonhando com algum sorriso
Sem gosto de pasta de dente

Ontem o ultimo pedaço da lua
Curou o vício
Colando o dedo no cú da mesmice  
As pessoas sempre esperam algo
Um resultado
Ressonâncias de palavras vazias
Azedando os ouvidos

Não há nada de interessante (¿!)
Apenas barbas paralíticas
Emitindo bafos Zizekianos
Paus ensacados em cuecas box²
Pelos pubianos raspados geometricamente
Músculos e rebolados
Exaltados em whisky com Red Bull 
Preenchem a noite (torpe)

Caminhar é melhor... 

Poema: RVS
¹ Lagoa da Conceição 
² ou boxer

sábado, 23 de fevereiro de 2013

No ânus da poesia


Um zumbido no cerebelo
Teclando os dedos lisos
Querendo as nuanças de prazer
O mudo do espaço
Orquestrando ouvidos
A luz jorrando do soquete do quarto
Emitindo uma onda anêmica amarela
A cama gemendo de orgasmos
O bordo do vinho escorrendo do ânus da poesia
Uma camisa de Vênus moldada pelo sorriso circense do ventre
Um resíduo de uva fermentado na língua
Um gosto agridoce de batom vermelho nos pelos do corpo 
Um samba apoteótico na lingerie alegórica
Um pandeiro em estado plasmático
Transforma a sola do pé em farelo
O sol que faz açúcar na fruta
Batuca a pele de dia
A parte caída aparece com a lua bandida

Poema: Rodrigo Vargas Souza
Imagem: Micro-esculturas - Mr Peliche

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Bonecos de panos...


Trecho do poema Carta aos filhos de Da Vinci sobre foto (Boneco Museu Mamulengo de Olinda)
Poema e Fotografia: Rodrigo Vargas Souza    

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

No samba da vida


Sem putas e cocaína
Como pão e margarina
Com embrulho no estomago
Da cachaça
Da fumaça e da costela do Domingo
Do trabalho
Do pouco salário
Do banco de horas
Do cimento-cola
Da graxa
Dos impostos
Das contas já vencidas
Da escola não paga para o filho

Na TV
BBB
Na goela
O catarro
Para o mago¹
Para o supervisor da empresa
Para quem matem o esquema
O escopo e o poema
Das letras acadêmicas
Dramática gramática
Ego amargo

Sabe-se um pouco
Por traz da bola
Do time (magazine)
Do gol
Há sempre um oco...
Um furto
Um morto

Na teta da mãe
Outrora na trova
Chupada pelo pai
Embriagado

Faz-se porra
(A)Feto

Há mais um dia
Depois da purpurina
Depois da fantasia abandonada na avenida
Há mais um dia
No samba da vida
No ônibus lotado
No sovaco da euforia
Há mais um dia
Para quem pula a catraca
Imposta na vida
Há mais um dia
Não paga!


Poema: Rodrigo Vargas Souza
Imagem: Isidoro Ferrer
¹ Referente a Paulo Coelho   

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Lagoa dos Patos Ácrata‏


Habita em mim
Um gosto de terra
Linha reta
Poesia feita do pampa e agua doce
Lembranças das brincadeiras embaixo das Figueiras
Meus berros ecoando
Em um pôr- do- sol impressionista na planície
Nada jamais foi suprematista
Na infância, no presente
No eu lúdico
Carrego sempre comigo a liberdade e anarquia
Nunca acreditei na maçonaria
Se há herança
O pajador é ácrata
Sem simpatia
Sou crioulo
Ateu
Milongueiro
Sambo no solstício (de verão)
Sou como o negrinho do pastoreio
Mas sem patrão estancieiro
Que nunca acreditou na virgem Maria
E em nenhum padroeiro

Poema: Rodrigo Vargas Souza
Imagem: Barra do Ribeiro de Pedro Weingärtner.
OBS: Existe uma pintura de Pedro Weingärtner que retrata a Lagoa dos Patos, porém não encontrei digitalizada.  

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013