quarta-feira, 25 de julho de 2012

Poema: Florianópolis



Um piano tocado por dedos tortos
Acompanha a chuva cálida
A tinta espessa na tela
Grita em gestos atormentados 
As roupas retorcidas sobre a cama
Cheiram ao excesso do teu corpo
A Sala é abstrata de tantas ausências
O espaço insiste em ser rarefeito de cor 
Hoje o gris deixa o céu denso  
Espalha uma onda de luz branca
(No I Ching só há linhas interrompidas) 
Mas há um cheiro de flor  
Rompendo a concisão do dia 
Mas há um gosto de cor (amarela)
Furando a melancolia...

Poema e imagem: Rodrigo Vargas Souza

Um comentário:

  1. Ontem andando por Floripa observei como os Guapuruvus já começam a amarelar a paisagem em pleno inverno chuvoso... Chove e faz frio na ilha da magia... Assim, todos os meus discos mais introspectivos sobem para o topo da pilha... (Consigo até mesmo escutar Ramilonga sem destoar da paisagem) Faz dias que toca repetidamente As Falls Wichita, So Falls Wichita Falls de Pat Metheney, Lyle Mays (piano em questão) e Nana Vasconcelos... Na última vez que fui a POA, vi uma exposição do Iberê Camargo e aquela tinta espessa em seus quadros vem me perturbando (são muito expressivas)... Já é comum as roupas estarem jogadas por toda a casa... Isto também me perturba...

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