sexta-feira, 24 de junho de 2011

Absurdus, Hardcore
















Hoje acordei
depois de uma noite acompanhado de mosquitos e herméticos sonhos que vão além da minha compreensão
Não!
É a realidade irmão...

O denso dia avança para futuro,
o céu é cinza,
o vento transforma a suave dança da fumaça do incenso,
em movimentos Hardcore.

É meio-dia,
o tempo é preenchido
pela sinfonia de uma panela de pressão,
gemidos de uma vizinha em orgasmos,
pedaços do reboco pelo chão.

Na minha paisagem emoldurada,
edifícios vazios
cheios de pessoas anônimas
com suas loucuras,
solidões;
o mundo é um teatro do absurdo!

Hoje gostaria de matar
os idiotas e imbecis que conheço,
mas minha covardia apenas permite mais um poema;
entre poemas
meu fígado fica em conserva de álcool etílico.

Estou sozinho,
o espaço grita,
ouço ruídos pelos cantos,
saio de casa correndo...

Freud chamaria de neurose,
mas é apenas uma reposta para o que queima minha retina,
entope minhas narinas e reverbera em meus ouvidos.

Apesar deste péssimo dia,
encontro em meu caminho
os pássaros em cânticos
em uma árvore nua de outono.

Dissolvem-se assim,
O ódio,
Os ruídos e o desatino...

Poema e imagem: Rodrigo Vargas Souza

Um comentário:

  1. Este poema eu escrevi no Outono de 2010... e hoje após uma publicação de um amigo indignado com e pelo Facebook, somado a este dia frio e agora chuvoso, resolvi colocá-lo na roda.
    o mesmo está escrito sobre a estrutura de um poema de Drummond, A flor e a náusea (este vale apena ler), e o fim é quase um plágio. Falando em Naúsea, também é influência do personagem Antoine Roquentin, o auge existencialista de Sartre que curto pra caramba. O titulo quer ser intelectual, utilizando a palavra absurdo em sua forma em latim, mas foi apenas um acaso, pois tão pouco domino o português... O resto é a viagem do cotidiano, só faltei sair correndo... E por falar em náusea, existencialismo, dia frio, nublado e chuvoso, a imagem é da praia do Laranjal em Pelotas, em que o mítico joquim sobrevoava nos anos 50 com seu avião, feito apenas com as lembranças que escrevera na prisão "... nau da loucura no mar das idéias, joquim, joquim, quem eram esses canalhas que vieram acabar contigo?" (Vitor Ramil)

    Rodrigo Vargas Souza
    Maio 2012

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